terça-feira, 9 de dezembro de 2014

SocIeDADE


O texto abaixo, de Adonai Sant'Anna, é a primeira colaboração neste blog.
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A compreensão do envelhecimento humano e sua relação com contextos sociais e culturais é assunto de pesquisa de ponta. Uma demonstração clara disso é a existência do periódico Ageing & Society (Envelhecimento e Sociedade) publicado pela Cambridge University Press. Esta é uma área de pesquisa interdisciplinar que estabelece relações entre medicina, fisioterapia, sociologia, ciência política, psicologia, história e filosofia, entre outras áreas. Portanto, não é tema a ser tratado a partir de meras intuições ou pontos de vista, sejam pessoais ou de senso comum. É uma área de pesquisa que exige uma abordagem tão rigorosa e responsável quanto qualquer outra. 

Além disso, vários países espalhados pelo mundo estão ficando mais velhos, incluindo o Brasil. Isso porque as pessoas em geral vivem mais nos dias de hoje e as taxas de crescimento populacional estão diminuindo em diversas nações. Hoje homens e mulheres com 60 anos ou mais representam 11% da população mundial. Como o envelhecimento cresce rapidamente, estima-se que, até o ano 2050, homens e mulheres com 60 anos ou mais representarão 22% da população mundial. E o impacto sócio-econômico deste fenômeno será inevitável.

A ironia é que a preocupação séria com o envelhecimento de nações é ainda muito jovem. O primeiro relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o tema foi publicado somente em 2002. O relatório mais recente é de 2013

De acordo com a ONU, o país mais idoso do mundo é o Japão, no qual 32% da população tem 60 anos ou mais. O Brasil ocupa, nesta lista, a posição 79, com 11% da população tendo 60 anos ou mais. Isso significa que nosso país, neste quesito, acompanha a média mundial. 

Mas, voltando a falar sobre impacto econômico, como lidar com o envelhecimento em um país como o nosso? Pergunto isso por conta, naturalmente, do sistema de aposentadoria. 

Japão é o país mais idoso do mundo. E é a terceira maior economia mundial. Isso significa que Japão sabe lidar com o envelhecimento de sua população melhor do que outras nações? Não necessariamente. Afinal, aquele país enfrenta hoje escassez de mão de obra, o que pode comprometer gravemente sua posição na economia global. 

Portanto, a hora de avaliar o impacto do envelhecimento sobre sociedades é agora. E o Brasil não pode negligenciar este problema. Possíveis soluções podem estar no emprego de novas tecnologias e na revisão de valores sociais, incluindo educação. Um exemplo marcante disso é o Professor Thomas Maack. Aos 79 anos ele ainda presta consultoria sobre como montar um curso moderno de medicina em nosso país. 

Portanto, este blog da Professora Adriane surge em um momento extremamente oportuno. E espero que todos participem de maneira construtiva para influenciar decisões políticas bem informadas que colaborem para o futuro de nosso país e até do mundo. Afinal, envelhecimento do corpo não implica em envelhecimento do espírito. E está na hora de aplicarmos na prática o jargão tão popular do corpo velho com espírito jovem. 

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